domingo, 14 de agosto de 2011

Pra não dizer que não falei das flores

(Geraldo Vandré)

Caminhando e cantando e seguindo a canção
Somos todos iguais braços dados ou não
Nas escolas nas ruas, campos, construções
Caminhando e cantando e seguindo a canção

Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer

Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer

Pelos campos há fome em grandes plantações
Pelas ruas marchando indecisos cordões
Ainda fazem da flor seu mais forte refrão
E acreditam nas flores vencendo o canhão

Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.

Há soldados armados, amados ou não
Quase todos perdidos de armas na mão
Nos quartéis lhes ensinam uma antiga lição
De morrer pela pátria ou viver sem razão

Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.

Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.

Nas escolas, nas ruas, campos, construções
Somos todos soldados, armados ou não
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Somos todos iguais braços dados ou não
Os amores na mente, as flores no chão
A certeza na frente, a história na mão
Caminhando e cantando e seguindo a canção
Aprendendo e ensinando uma nova lição

Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer.

Vem, vamos embora, que esperar não é saber,
Quem sabe faz a hora, não espera acontecer
.

O Analfabeto Político




(Bertolt Brecht)

O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas.
O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacionais.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

Mamãe e o sentido da vida:


Mamãe e o sentido da vida – histórias de psicoterapia - é um livro de Irvin D. Yalom que tive o prazer de ler esta semana.
Como o próprio titula já diz, no livro o terapeuta Irvin aborda as terapias que têm desempenhado com seus mais variados pacientes.
Mas o intuito de ter trazido á tona esta experiência não é de contar a história do livro. Para isso, bastaria buscar na internet o seu resumo ou mesmo ler a obra completa a fim de inteirar-se de detalhes mais precisos.
A minha idéia primeira é a de contextualizar as histórias desta obra, que muito bem colocadas pelo autor no final dela, não deixam de ter sua verdade, sua parcela de realidade. Afinal, se de tudo o que é ficção podemos extrair um pouco de realidade, do mesmo modo, de tudo o que é realidade podemos extrair um pouco de ficção.
O que dizer então da loucura destes pacientes?
E sobre a sanidade mental do terapeuta?
Onde esta o limite da razão e da loucura disto tudo?
Como já diz o ditado: “De médico e louco, todo mundo tem um pouco”.
Sendo assim, podemos afirmar que de terapeuta, todos os pacientes têm um pouco – especialmente se pensarmos nas terapias de grupo.
Da mesma forma, de paciente e, portanto de insanidade mental o terapeuta também têm um pouco – dado os pensamentos longínquos e um tanto quanto estranhos que ele mantinha durante algumas sessões.
O que posso dizer – não que sei, mas que aprendi – com a leitura de Mamãe e o sentido da vida, é que existem coisas que não podemos medir mensurar.
Sentimentos, emoções, razões que talvez nunca sejam explicadas ou entendidas de fato.
Não podemos julgar os sentidos. Talvez os fatos sim, esses poderão se julgados.
Mas não por nós.
Míseros seres humanos que erramos a cada passo.
A nós cabe seguir, errar, levantar. E seguir novamente.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Desvendando as incertezas:


“Quando eu era criança, adorava desenhar muros de tijolos à vista. Talvez isso significasse que eu teria um grande obstáculo a ser vencido. Ou talvez que eu precisaria descobrir o que estava além do muro, para enfim seguir em frente.
Resolvi escolher a segunda alternativa.”

Paredes ociosas clamam por palavras intrépidas.
Pensamentos que especulam o sossego absoluto sem vir à tona.
Não pelo temor de manifestar-se
Mas pela simples inveja daquele estado de silêncio absoluto.
Paredes estas que guardam em seu interior o ciúme da selva vadia.
Que pode envelhecer ouvindo o cantar dos pássaros.
Mas elas não.
Estão condenadas ao silêncio pavoroso que a noite trás.
Mas nem sempre foi assim.
Houve noites em que a prosa se fez duradoura.
Por vezes foi franca.
Por vezes não.
O som que saía da boca de alguns, enunciava um pormenor.
Logo ao entardecer, o som consentia a todos – paredes e principalmente humanos – a sua célebre presença.
Como eram inusitadas aquelas palavras!
Muitas e muitas letras,
Que ao remate da noite nada pareciam dizer
Simplesmente por não terem nexo algum.
Ah! Se esses muros de alvenaria tivessem o dom da expressão...
Transmitiriam a outrem o que as palavras não foram capazes de transmitir.


 

domingo, 3 de julho de 2011

Morte:

Se a morte é a falta da vida,
Então nesta mesma vida, podemos dizer que morremos aos poucos, a cada momento em que a vida parece estar em um momento de coma profundo, que não sabe se vai ou se fica.
Morro.
Morro quando vejo a fome, não só do corpo, mas do espírito em muitas das pessoas deste planeta tão perverso.
Morro ao ver a doença se alastrar pelos caminhos obscuros do bem e do mal...
Morro ao presenciar a injustiça com os humildes que traçam enigma que sua limitação de consciência lhe proíbe desvendar.
Morro ao ver que as pessoas ainda ignoram o conhecimento que lhe é proposto a cada dia e ainda tem a imaturidade de reclamar da vida que tem
Morro ao ver que a criança, por falta de educação que recebe de pais imaturos – seja a idade que for – cresce sem saber olhar para a real beleza da vida, aquela vista da janela do seu pequeno apartamento.
Morro ao saber que as amizades se perdem por pequenas atitudes ou por falta delas.
Morro ao saber que as pessoas têm a mesma facilidade de sair da vida das outras do que tem para entrar.
Morro ao notar que a mentira ainda é algo a ser superado na humanidade, mas que ainda não foi.
Morro ao saber que a verdadeira arte já não tem mais efeito no coração das pessoas.
A morte que me toma é a mesma que corre pelos caminhos da vida eterna.
Ela toma os mais belos caminhos e os torna tenebrosos, como a noite que não tem luar.
Como a estrela que perdeu seu brilho, ela toma todo e qualquer foco de luz.
Mas, como pra mim a morte não existe... que venha!
Que venha pois logo se vai.
O mar irá se encarregar de levá-la consigo.