“Quando eu era criança, adorava desenhar muros de tijolos à vista. Talvez isso significasse que eu teria um grande obstáculo a ser vencido. Ou talvez que eu precisaria descobrir o que estava além do muro, para enfim seguir em frente.
Resolvi escolher a segunda alternativa.”
Paredes ociosas clamam por palavras intrépidas.
Pensamentos que especulam o sossego absoluto sem vir à tona.
Não pelo temor de manifestar-se
Mas pela simples inveja daquele estado de silêncio absoluto.
Paredes estas que guardam em seu interior o ciúme da selva vadia.
Que pode envelhecer ouvindo o cantar dos pássaros.
Mas elas não.
Estão condenadas ao silêncio pavoroso que a noite trás.
Mas nem sempre foi assim.
Houve noites em que a prosa se fez duradoura.
Por vezes foi franca.
Por vezes não.
O som que saía da boca de alguns, enunciava um pormenor.
Logo ao entardecer, o som consentia a todos – paredes e principalmente humanos – a sua célebre presença.
Como eram inusitadas aquelas palavras!
Muitas e muitas letras,
Que ao remate da noite nada pareciam dizer
Simplesmente por não terem nexo algum.
Ah! Se esses muros de alvenaria tivessem o dom da expressão...
Transmitiriam a outrem o que as palavras não foram capazes de transmitir.
Nenhum comentário:
Postar um comentário